Brasileiros no Reino Unido

O Governo Britânico estima que, em 2020, 39,5 milhões de pessoas tenham entrado no Reino Unido (incluindo seus residentes), um número 73% (106,8 milhões) menor do que em 2019. Essa queda é reflexo dos impactos causados pela pandemia de Covid-19. Para se ter uma ideia, em 2018, foram 142,9 milhões de passageiros chegando no Reino Unido, sendo que 81,7 milhões (57%) configuravam cidadãos britânicos, 40,8 milhões (29%) nacionais do Espaço Econômico Europeu (EEA) e 20,4 milhões (14%) de outros países.

A pandemia refletiu também na solicitação e consequente emissão de vistos – menos de um milhão foram concedidos em 2020 pelo Governo Britânico, sendo 51% para visitantes/turismo, 23% para estudo de longa duração, 13% para trabalho, 4% na categoria família, e 9% por outras razões. Uma queda de 69% em comparação ao ano anterior.

Permissões de entrada concedidas de 2015 a 2020 (Entry Clearance Visas):


Entry Clearance Visas concedidos a brasileiros em 2019 e 2020*:
Work
2019: 1.844
2020: 974

Study
2019: 1.075
2020: 575

Family
2019: 579
2020: 321

*Visitor (brasileiro não precisa solicitar visto para visitar o Reino Unido)

Total
2019: 5.004, inclui outros vistos
2020: 2.741, inclui outros vistos

O Brasil aparece na lista das 60 nacionalidades mais presentes no Reino Unido, na 25ª posição, conforme apontam os dados mais recentes disponibilizados pelo Departamento de Estatísticas Nacionais britânico (ONS, na sigla em inglês). Estima-se que, no período de julho de 2019 a junho de 2020, 101 mil brasileiros residiam no UK, sendo a maior parte do sexo feminino. Desse total, acredita-se que 7 mil estejam na Escócia, país onde eu escolhi viver. Na Inglaterra são 92 mil brasileiros, 2 mil no País de Gales e 1 mil na Irlanda do Norte.



Contudo, há controvérsias sobre o tamanho da comunidade brasileira no Reino Unido. O relatório Brasileiros no Reino Unido 2020, de autoria da Profª Drª Yara Evans, do Imperial College e do King’s College, salienta que tais números não incluem brasileiros que estão no Reino Unido indocumentados, ou seja, sem autorização oficial para permanecer no país.

O relatório aponta estimativas levantadas em estudos acadêmicos, assim como estatísticas de autoridades brasileiras, sugerindo que, no início da década de 2010, essa população variava entre 80 mil e 300 mil brasileiros, incluindo os indocumentados. Outra estimativa, derivada a partir do número de brasileiros registrados no Consulado-Geral do Brasil em Londres, era de uma população por volta de 120 mil. Porém, a mais recente estimativa, feita pelo Consulado Geral do Brasil com base em dados oficiais, estudos acadêmicos e registros consulares, é de que cerca de 220 mil brasileiros e brasileiras estejam vivendo no Reino Unido atualmente.

Em termos da distribuição geográfica no Reino Unido, o relatório inclui dados do Censo Britânico de 2011, que mostrou que a maior parte dos brasileiros (50.570) residia na Inglaterra e no País de Gales. Um total de 1.194 brasileiros residiam na Escócia, e outros 384 brasileiros eram residentes na Irlanda do Norte. Contudo, três quintos da população brasileira residiam em Londres (31.357), constituindo a maior parcela da população total no Reino Unido. “Refletindo em boa parte os resultados do censo britânico, os dados da pesquisa de 2020 mostram que a vasta maioria dos brasileiros residia na Inglaterra e País de Gales (92%). Dos que residiam na Inglaterra, a maior parcela estava domiciliada na capital londrina (63%)”, conclui o estudo.


O relatório traçou um perfil da população brasileira no Reino Unido, identificando raça, gênero, ocupação, religião, idade, nível educacional e muitas outras nuances. Se fôssemos criar uma persona para o imigrante brasileiro no Reino Unido, com base nesse recorte da pesquisa, ele seria uma mulher branca, paulista, entre 30 e 39 anos, com formação universitária. Não sou de São Paulo, mas como a região Sudeste aparece como o principal ponto de partida, posso dizer que sou o retrato do imigrante brasileiro no UK. O relatório está disponível no site do Consulado-Geral do Brasil em Londres.


Panorama da migração internacional no mundo

Apesar de ter apresentado uma queda devido à pandemia de Covid-19, o número de migrantes internacionais não parou de crescer desde as últimas duas décadas, chegando a quase 281 milhões na primeira metade de 2020, segundo aponta o mais recente relatório da Divisão de População do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas, Desa. O estudo, divulgado em janeiro deste ano, revela que esse grupo equivale à população da Indonésia, que é o quarto país mais populoso do mundo, ou a 3,6% da população mundial.

A maioria, 63 milhões (23%), é de migrantes europeus, seguidos dos nascidos na Ásia Central e Meridional (51 milhões), latino americanos e caribenhos (43 milhões), do leste e sudeste asiático (38 milhões), norte da África e Ásia Ocidental (38 milhões) e África Subsaariana (28 milhões). Poucos são os migrantes nascidos na América do Norte (4 milhões) e Oceania (2 milhões).

A Índia lidera a lista dos países com os maiores deslocamentos no mundo. Em 2020, eram 18 milhões de indianos vivendo fora. México e Rússia têm 11 milhões cada. China reúne 10 milhões e Síria 8 milhões. O Brasil registrou 1,9 milhão.



Entre as principais regiões que abrigam o maior número de migrantes está a Europa, com 87 milhões, seguida da América do Norte, com 59 milhões, e o norte da África e a Ásia Ocidental, que juntos contabilizam 50 milhões.

Segundo a pesquisa, dois terços de todos os migrantes vivem em apenas 20 países. Os Estados Unidos seguem como maior destino. Ao todo são 51 milhões de pessoas, ou seja, quase dois de cada 10 migrantes vivem lá. A Alemanha vem em segundo lugar, com cerca de 16 milhões, seguida pela Arábia Saudita, com 13 milhões, a Rússia, com 12 milhões, e o Reino Unido com 9 milhões.



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