Países ricos como o Reino Unido também estão sujeitos ao trabalho infantil
No Ano Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil, as comemorações pela queda - lenta, porém contínua - no número de crianças trabalhando, observada nas últimas duas décadas ao redor do mundo, deram lugar à preocupação em ver esse progresso em risco pelos efeitos da pandemia de coronavírus. Isso porque estudos mostram que crianças fora da escola são mais suscetíveis a ingressar em algum tipo de trabalho e, em 2020, com a disseminação da Covid-19, 1.4 bilhão de crianças ao redor do mundo tiveram que ficar em casa numa iniciativa para conter a propagação da doença. Desde então, observamos esforços para a reabertura de escolas em alguns países, com o subsequente fechamento das mesmas e a implementação do ensino a distância, nem sempre acessível para boa parcela dos estudantes, levando à drástica estimativa de 90% da população em idade escolar que teve o ensino prejudicado, segundo aponta a Human Rights Watch.
A organização destaca que crianças em famílias com necessidades econômicas urgentes têm maior probabilidade de abandonar a escola para trabalhar. Na pandemia, as famílias de baixa renda foram desproporcionalmente afetadas pelas consequências econômicas e, portanto, mais propensas a depender do trabalho de seus filhos para ajudar no sustento. Em resposta ao fechamento de escolas, essas crianças estão combinando jornadas de trabalho muito longas com qualquer tipo de estudo que consigam conciliar. Uma boa parcela desses jovens acaba não retornando à escola depois.
A meta 8.7 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas exige o fim do trabalho infantil em todas as suas formas até 2025. No Brasil são 1,8 milhão de crianças nessas condições, segundo dados de 2019 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua - Trabalho das Crianças e Adolescentes, divulgada pelo IBGE. A maior parte nas áreas de agricultura e comércio e reparação. Infelizmente, não há dados oficiais sobre trabalho infantil no Reino Unido, o que não significa que ele não ocorra no país. Uma matéria de 2001, publicada no site do jornal português Público, revelou que um total de dois milhões de crianças trabalhavam ocasionalmente na Grã-Bretanha. Das cerca de 2.500 crianças entrevistadas pelo TUC (federação nacional dos sindicatos trabalhistas do Reino Unido), uma em cada 10 admitiu faltar à escola para trabalhar.
De acordo com estimativas de 2016 da OIT (Organização Internacional do Trabalho) e da Unicef, 152 milhões de crianças (64 milhões de meninas e 88 milhões de meninos) entre 5 e 17 anos estavam sujeitas ao trabalho infantil (isto é, quando são muito jovens para trabalhar ou estão envolvidas em atividades perigosas que podem comprometer seu desenvolvimento físico, mental, social ou educacional), com uma maior concentração nos setores de Agricultura, Serviços e Indústria. Quase a metade dessas crianças (72,5 milhões) trabalhava em condições consideradas de risco.
*O fato de que a maior parte (58%) das crianças vítimas de trabalho infantil sejam meninos pode refletir uma subnotificação do trabalho infantil entre as meninas, principalmente com relação ao trabalho doméstico. Fonte: Organização Internacional do Trabalho
De cada 10 crianças em trabalho infantil, nove viviam na África (72 milhões) e Ásia e Pacífico (62 milhões). Em seguida, as Américas (10,7 milhões), Europa e Ásia Central (5,5 milhões), e Estados Árabes (1,2 milhão). O trabalho infantil não existe apenas nos países pobres. Metade dessas crianças vivia em países de renda média e dois milhões delas em países de renda alta.
Fonte: Organização Internacional do Trabalho
Alguns dados chocantes sobre o trabalho infantil no mundo*:
- 1 em cada 10 crianças se enquadra no trabalho infantil;
- 1 em cada 20 crianças exerce algum trabalho infantil que oferece risco;
- 7 em cada 10 crianças em trabalho infantil trabalham na Agricultura;
- 1 em cada 4 crianças em países menos desenvolvidos está sujeita a algum tipo de trabalho considerado prejudicial à sua saúde e desenvolvimento;
- Quase metade (48%) das vítimas de trabalho infantil tem entre 5 e 11 anos; 28% de 12 a 14 anos; e 24% de 15 a 17 anos;
- Um terço das crianças em trabalho infantil está completamente fora do sistema educacional e as que conseguem comparecer apresentam uma baixa performance.
*Dados de 2016. Recentemente, a OIT e a Unicef divulgaram dados atualizados que apontam o aumento do trabalho infantil para 160 milhões de crianças nessas condições em 2020. Esse foi o primeiro aumento em duas décadas! Mais informações podem ser obtidas no relatório Child Labour: Global estimates 2020, trends and the road forward.
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